segunda-feira, 7 de julho de 2008

Tava conversando com meu primo um dia desses sobre o blog, a ditadura e etc; quando ele me mandou este texto aqui. Gostei porque é bem natural e crítico. Tô postando pra vocês lerem :)

“A Ditadura Militar no Brasil foi o período de maior vergonha para os brasileiros. Uma vergonha causada, não pelos cidadãos, mas pelas próprias autoridades. Autoridades essas que deveriam organizar um estado, melhorar, enriquecer, cuidar, mas essas autoridades nos deixaram um legado de extrema violência e repressão. E nós só podíamos ficar calados vendo aquelas barbaridades praticadas pelas pessoas que deveriam nos proteger? Não! E foi esse não que nos deu a liberdade de volta.
Esse regime nos mostrou o quanto não sabemos governar, e o quanto ficamos corruptos quando alcançamos o poder. Mas a cada dia, o Brasil enche de pessoas que só pensam em si mesmas. Acho que os militares só queriam o seu próprio sapato bonitinho e brilhante, sem pensar nos outros. Queria saber o que se passava em suas mentes, quando eles viam seus irmãos sendo cruelmente espancados sem chance de defesa. E pensar que as Forças Armadas do Brasil deveriam nos proteger, mas concluíram um golpe sobre nós, um golpe político. Bem falava Chico Buarque na sua canção ‘Acorda Amor’ onde ele citava: “Chame o ladrão, chame o ladrão.”. Mas chamar o ladrão? Quem seria louco a ponto de chamar o ladrão para nos salvar? É meu nêgo, a coisa tava feia mesmo. Mas: “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia!”, como disse Chico noutra música chamada ‘Apesar de Você’. Chico era um gênio, e um gênio corajoso, não tinha medo do que pensava. Mas essa palavra, medo, ela estava muito presente nas vidas dos moradores daquele Brasil horrível. Por não ter medo, é que muitos gênios da música foram banidos pelas autoridades: Chico Buarque, Vinícius de Morais,... Mas não perdiam seu grande arsenal de belas canções. Em meio as grandes guerras, que eram as batalhas travadas entre estudantes e policiais, nós víamos pessoas, pequenas grandes pessoas, que nem haviam vivido muito nessa vida, mas já conheciam melhor do que muitos. Nunca tiveram medo daquilo tudo, com todas as manifestações, pixações e gritos. Mas sempre pensavam que o Brasil iria mudar. É, foi difícil de mudar aquele ‘Brasil nunca mais’!
Você que lê esta escritura, acredita em heróis? Acredita em vitórias reais? Bom, agora passe a acreditar, pois esses homens que tanto lutaram para um Brasil melhor, conseguiram pelo menos uma parte dele.
Esse ‘Brasil nunca mais’ pode ser com certeza nossa maior marca na história, mas é a marca mais vergonhosa de todas. Hoje em dia, o Brasil está voltando a ser um ‘Nunca Mais’ mas quem sabe se nasce novos heróis para tornar o nosso Brasil num ‘Brasil Pra Sempre’.”

Monterrúbio Neto

terça-feira, 3 de junho de 2008

Por que não?






Numa definição curta e simples, Caetano Veloso disse "A Tropicália foi o avesso da Bossa Nova".



Esse movimento liderado por Caetano e Gilberto Gil e apoiado pelo compositor Tom Zé, os letristas Torquato Neto e Capinam, o maestro e arranjador Rogério Duprat, o trio Mutantes e as cantoras Gal Costa e Nara Leão, tinha em vista, acima de tudo, criticar (verbo preferido daqueles que tinham coragem para isso durante a ditadura).
Ao contrário da Bossa Nova que dominava a MPB, o Tropicalismo não queria sintetizar um estilo e sim, universalizar a música brasileira, misturando os nossos batuques (não é por acaso que a música Tropicália composta por Caetano em 1967 começa com uma leitura da Carta de Pero Vaz de Caminha ao som do batuque percusionista indígena) ao rock, com seus amplificadores e guitarras elétricas.

Por falar na canção Tropicália, ela e todo o movimento foi denominado assim graças ao fotógrafo e produtor de cinema Luís Carlos Barreto, o qual quando a ouviu, lembrou da obra que Hélio Oiticica tinha exposto no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Abaixo Oiticica tenta definir sua obra-ambiência:

"Tropicália é um tipo de labirinto fechado, sem caminhos alternativos para a saída. Quando você entra nele não há teto, nos espaços que o espectador circula há elementos táteis. Na medida em que você vai avançando, os sons que você ouve vindos de fora (vozes e todos tipos de som) se revelam como tendo sua origem num receptor de televisão que está colocado ali perto. É extraordinário a percepção das imagens que se tem: quando você se senta numa banqueta, as imagens de televisão chegam como se estivessem sentadas à sua volta. Eu quis, neste penetrável, fazer um exercício de imagens em todas as suas formas: as estruturas geométricas fixas (se parece com uma casa japonesa-mondrianesca), as imagens táteis, a sensação de caminhada em terreno difícil (no chão ha três tipos de coisas: sacos com areia, areia, cascalho e tapetes na parte escura, numa sucessão de uma parte a outra) e a imagem televisiva.(...)
Eu criei um tipo de cena tropical, com plantas, areias, cascalhos. O problema da imagem é colocado aqui objetivamente, mas desde que é um problema universal, eu também propus este problema num contexto que é tipicamente nacional, tropical e brasileiro. Eu quis acentuar a nova linguagem com elementos brasileiros, numa tentativa extremamente ambiciosa em criar uma linguagem que poderia ser nossa, característica nossa, na qual poderíamos nos colocar contra uma imagética internacional da pop e pop art, na qual uma boa parte dos nossos artistas tem sucumbido. "

A Trópicália de Caetano foi influenciada pelo filme Terra em Transe (Glauber Rocha), a peça O Rei da Vela na montagem do Teatro Oficina (Oswald de Andrade) e nas conversas que tinha com Gil, Guilherme Araújo - seu empresário -, com a irmã Maria Bethânia, Torquato Neto e o artista gráfico Rogério Duarte. O resultado foi a idéia de um Brasil traçado a partir dos seus contrastes.

O Tropicalismo revolucionou totalmente, não só a música, mas trouxe irreverência para a TV (Programa do Chacrinha e, posteriormente, o programa Divino, Maravilhoso de Gil e Caetano na TV Tupi), para o modo se vestir , para a moral, o sexo e o comportamento, exaltando o que era fora dos padrões. Para marcar o manifesto de tudo isso foi lançado um LP (sim, ainda não existia CD) Tropicália ou Panis et Circensis, coordenado por Caetano Veloso.
Esse movimento rendeu repressão, não só do governo, mas também da linha dura universitária . Seus defensores ganharam muitas vaias, bananas, tomates e até ovos durante um debate na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo e no III Festival Internacional da Canção. Uma das melhores respostas foi dada por Caetano durante o Festival, já citado, e que acabou tornando-se um happening: "Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder?" "Nós tivemos coragem de entrar em todas as estruturas e sair de todas. E vocês? Se vocês em política forem como são em estética, estamos feitos. E, quanto ao júri, é muito simpático mas é incompente".
O Tropicalismo foi abafado, mas não morto, com a instituição do AI Nº 5 no governo de Costa e Silva, que repreendia de vez os ativistas e intelectuais, ocasionando a detenção de Caetano e Gil no dia 27 de dezembro de 1968 e posteriormente, o exílio deles, cumprido em Londres. (Gil antes de ser exilado compôs Aquele Abraço).

O movimento não foi morto, porque deixou herança para seus decendentes diretos e indiretos, como Ney Matogrosso, Chico Science com o movimento Mangue Bit na década de 90 e até mesmo nomes tradicionais da MPB mostraram algumas características da Tropicália em seus trabalhos, por exemplo, Chico Buarque e Elis Regina.


Músicas Famosas desse movimento:
- Alegria, Alegria (Caetano Veloso)

- Domingo no Parque (Gilberto Gil)

- É Proibido Proibir (Caetano Veloso)

- Questão de Ordem (Gilberto Gil)

- Aquele Abraço (Gilberto Gil)


*Lembrando que as músicas eram apresentadas em festivais como os da TV Record.



Pronto, é isso. Alô, alô leitores, aquele abraço!



Jéssica Bem :)






domingo, 18 de maio de 2008


Esta é a postagem de estréia do nosso blog. Aqui será um espaço em que os colaboradores: Jéssica Bem, Juliana Rodrigues, Júlio César, Rebeca Feitosa e Andreza Caroline compartilharão suas opiniões a respeito da Ditadura Militar brasileira ,e as conseqüências que aqueles anos deixaram para nós, brasileiros, desde a dívida externa até o campo cultural.
Intelectuais, estudantes, artistas, trabalhadores, tortura e violência são os ingredientes dessa época. O teatro e a música floresceram na ditadura, como forma de expressão, e revolta às atitudes dos militares, os quais ao mesmo tempo em que pregavam o nacionalismo, abriam as portas para as multinacionais e mesmo tempo em que inflamavam moralismo, roubavam o dinheiro do povo. Assim sendo, o que nos fez escolher esse tema, foi o quanto a volta ao passado pode mudar o nosso presente.
Na época da ditadura, houve um engajamento dos artistas e estudantes, mas e hoje? Enquanto o Brasil passa por uma série de escândalos envolvendo corrupção, poucos protestos são feitos, a maior parte da sociedade intelectual está passiva às reinvidicações. Em contrapartida, alguns artistas como Zeca Baleiro, Gabriel O Pensador e rapper’s ainda expõem esse tema em suas composições.
Bem, para concluir a nossa apresentação, esse blog não foi uma iniciativa nossa. Ele foi proposto pelo professor Albino Dantas, mas já está nos conquistando, pois aqui teremos um contato com a História que vai além de ler textos e fazer provas. Nós vamos dar a nossa visão sobre o tema. O afastaessecalice foi nomeado assim em homenagem à música Cálice composta por Chico Buarque e Gilberto Gil, grandes compositores do período ditatorial e que até foram exilados por fazer esse tipo de composição. A canção é toda escrita em subentendidos, sendo o ‘cálice’ mencionado no texto, não aquele que abriga o vinho e sim, o ‘cale-se’ repressor.
Explicado o nome, vamos nos despedindo e avisando que será feito um rodízio entre os colaboradores e os textos serão postados de 10 em 10 dias.
http://www.youtube.com/watch?v=wV4vAtPn5-Q [Cálice-Chico Buarque/Ditadura]
Jéssica Bem.